Eclipse em Cabo Verde

São os meninos que dominam a paisagem. Africa é um pais de meninos e velhos, muita da força de trabalho foi levada pelas doenças.

É nesta viagem que vamos encontrar os meninos a pedir para comer ou simplesmente entregues nas mãos das máfias que os usam cobardemente.

Os olhos doces, insistentes e dormentes da sua condição de órfãos parecem agulhas nas consciências pesadas.

No Likute as crianças não pagam, nem viajam pendurados fora deste comboio, ocupam, isso sim, um lugar central. Afinal são sempre eles que ficam para resolver tudo o que para nos já não tem solução.

Bazar Central em Maputo

Estamos parados no Bazar Central, na Cidade de Maputo, um edifício com uma arquitectura colonial que não nos deixa indeferentes pela sua harmonia.

A viagem começa agora pela porta principal ladeada por vendedores, quase sempre indianos, que dominam todo comércio e que simpaticamente nos dizem para ver com as mãos. E lá está todo o artesanato que se pode encontrar, estatuas de pau preto ou de sandalo, retratando o quotidiano da vida tribal.

Seguimos e econtramos o peixe, os legumes, as frutas organizadas em castelos e com um aspecto delicioso, num dos cantos do bazar a castanha de cajú e as especiarias, as mesmas pelas quais navegamos e lutámos. Um labirinto de cheiros e sabores fervilhando de vida e onde se navega num mar de descobrimentos.

Likute percorre vagarosamente o mercado parando para falar com os
vendedores curiosos pela nossa curiosdade.

Termina a viagem e estamos repletos de verdadeiras imagens de Africa.

Plateau, Cabo Verde

Sentados no jardim Plateau esperamos que o tempo passe e que o calor nos deixe respirar. A música, sempre a música que se ouve ao longe nesta terra que herdou o nome de um Cabo Verde.

O Likute, parte em direcção ao bazar. Podemos comprar de tudo neste lugar fervilhante de vida, cores e cheiros. Mas é nos olhos verdes improvávies que se prende a nossa vista... e volta-se a ouvir a música que vem das nove ilhas

(Lus, Nancy Vieira, Cabo Verde)

A estrada? Não passa por aqui!
Apenas o Likute cruza
Os olhares vindos de todos os caminhos
Num grito, anunciamos ao mundo
Que carregamos sonhos, levamos a luz
Que aquece e alimenta os que acreditam
Na linha imaginária que nos une.

Durban - música do presente

Percorrem-se as ruas apreciando os vendedores. Procuramos as mesquitas e as igrejas que convivem lado a lado como sinal de união das religiões e das pessoas.

Aqui em Durban é tempo de apagar o passado europeu deixado pelos ingleses. As ruas mudam de nome! Sinal da nova ordem política, não são os nomes Zulus que ocupam o espaço deixado pelo colonialismo mas sim aqueles que acabaram com o apartheid - a elite negra.

Mas é de música que se fala e nomes de Durban dão novos sons numa mistura entre o passado e o presente.

Durban


Estamos na grande cidade de Durban, na África do Sul, onde se cruzam as cores dos homens esbatidas pelos confrontos de vidas inteiras. É impossível esquecer as vidas perdidas na luta pela igualdade de tratamento entre brancos e pretos.

Num dos bazares da cidade compramos o necessário para a longa viagem, a roupa condizente com o espírito da terra, alguns guerreiros Zulus para combater o cansaço e, claro, muitas histórias.

Likute, o nosso comboio, vai partir!

Os prédios são tão altos quanto são extensas as grandes as plantações de cana de açúcar.

Mas tão extensas que tiveram de vir gentes da Índia para nelas trabalharem e construírem bairros de casas pequenas arrumadas na confusão das ruas.

O povo de cá é composto por brancos, negros e indianos para os que nasceram por cá ficam Africans apenas. As ruas largas atravessam a cidade de ponta a ponta. Esta é dominada pelo grande, o maior, porto de Africa.

A música é urbana e é uma fusão da música tradicional negra com o melhor dos sons do jazz e blues.

A viagem imaginária a bordo do Likute

(Africa colours, hommage a Alain Peters)

A viagem começa hoje dentro deste comboio imaginário. O seu nome é Likute e vai-nos levar as imensas planícies, os planaltos e os grandes rios de África.
Este comboio tem lugar para todos. Todas as viajens serão acompanhados pelos músicos que tocam na carruajem musical. Os músicos são convidados para tocar e acompanhar a paisagem que vai passando aos nossos olhos.

Hoje começa a viajem deste comboio mágico.

Como conta o poeta José Craveirinha

"KARINGANA UA KARINGANA*

E nem
de outra forma se inventa
o que é propriedade dos poetas
nem em plena vida se transforma
a visão do que parece impossível
em sonho do que vai ser."

Moçambique - Chude Mondlane


Chude Mondlane é filha do malogrado Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique. Tal Pai tal Filha! Estudou nos Estados Unidos, na mesma Universidade onde o Pai estudou, e vive actualmente em Moçambique.
(Tema 1, 6:47)
É uma cantora inovadora e estilista vocal que desafia os seus "standards" consigo própria, dai as suas canções serem cantadas sempre com formatos diferentes, dependentes do local e da ocasião.

É a jóia do Afro-Jazz Moçambicano. Estudou coreografia e dança em Filadélfia, onde se torna solista na Companhia de Dança, mais tarde estuda Ballet Clássico em Moscovo. Ganha vários prémios em festivais internacionais.

(Tema 3, 4:42)

Trabalhou com grandes nomes como: Hugh Masakela, Sérgio Mendes, Roberta Flack, Marcus Miller, e agora Júlio Silva.

Com a experiência musical no mundo americano consegue misturar raízes africanas com jazz, soul, funk, gospel, salsa e outros estilos.

(Tema 6, 4:14)

Esta é voz dedicada aos Moçambicanos. É a digna representante do orgulho nacional e apreciada todos os que gostam de música.

(Tema 7, 4:15)

Senegal - Youssou N'Dour

Natural de Dakar, capital do Senegal, Youssou N'Dour, nascido a 1 de Outubro de 1959, aprendeu a cantar com a mãe, e aos dezenove anos juntou-se ao grupo Band of Dakar, para formar o Super Étoile de Dakar.
(Bamako, 4:19)
A sua actividade politica levou-o a organizar, em 1985, um concerto pela liberação de Nelson Mandela, no Estádio da Amizade, em Dakar. Também organizou vários concertos em benefício da Amnistia Internacional. Embaixador de boa vontade para as Nações Unidas e para a UNICEF, foi também eleito embaixador embaixador da Organização Internacional do Trabalho.
(Fakastalu, 3:53)

Em 2004 participou do CD Agir Réagir em favor das vítimas do terremoto que atingiu a região de Al-Hoceima, em Marrocos.

(Feneme, 5:13)

Foi em 1984 que os Super Étoile estrearam nos palcos europeus, um ano antes de partir para conquistar os palcos norte-americanos. N'Dour colaborou nos discos "Graceland" de Paul Simon e "So", de Peter Gabriel.

Youssou N'Dour sempre se manteve fiel às suas origens e continua a morar na sua cidade natal.

(The lion, 5:33)

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Mali – Salif Keita

Salif Keita nasceu a 25 de Agosto de 1949 em Djoliba no Mali. Reúne condições físicas e de descendência que o tornam único, além de ser portador de uma voz a que muitos chamam a “voz dourada de África".

(Salif Keita, Dalimansa, 4:52)

A sua música é uma mistura de estilos de música tradicional da África Ocidental, Europa e América e no entanto mantendo estilo de música Islâmica. Entre os instrumentos musicais mais utilizados por Salif Keita incluem-se balafons, Djembês, guitarras e koras.

(Salif Keita, Sina (Soumbouya, 4:49)
Ele é único, não só devido à sua voz como também pelo facto de ser albino, sinal de azar na cultura Mandinka, e por ser um descendente directo do fundador do Império Mali, Sundiata Keita. Esta herança significa que Salif Keita nunca poderia ser um cantor que é visto como uma função desempenhada por Griots.
(Salif Keita, Tenin, 6:16)
Salif refugiou-se em Abidjan, Costa do Marfim, devido à instabilidade politica que assombrou o Mali em meados de 1970 e foi com a banda para Les Ambassadeurs Internationales que ganhou reputação internacional. Em 1977 Keita recebeu o prêmio National Order do presidente da Guiné, Sékou Touré. Mais tarde vai viver para Paris.

(Salif Keita, Papa, Abede, 6:36)


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